Em 1896 o Padre Francisco de Assis
Albuquerque sugeriu a idéia da construção de um templo na comunidade de
Pendências para melhor administrar os serviços da religião, foi no senhor da
Casa Grande, Felix Rodrigues Ferreira que encontrou o mais franco e decidido
apoio. Apoio que se transformou depois na mais completa dedicação. Pois segundo
me disse o Monsenhor Assis em carta publicada páginas atrás, foi tal a
dedicação de Felix Rodrigues Ferreira e do seu filho João Macário Rodrigues
Ferreira, nos serviços de construção da Capela que, pode-se dizer, foram eles
os verdadeiros construtores do templo sagrado. Isto sem falar n doação do
terreno do patrimônio de São João Batista, feira por Felix Rodrigues Ferreira,
como na doação da “Casa de São João”,
feita, em morte deste, por sua mulher Maria Rodrigues Ferreira de Melo (Dona
Cóta).
Em 2895, quando se iniciou o serviço da Capela
ja era regular o número de casas, estendidas entre a Pendência de Cima e a
Pendência de Baixo. Numerosas, mas dispersas, desordenadas, sem simetria, sem
alinhamento. Nada lhe faltaria para um miseravel arraial de bugres. A
construção da Capela, porém, evitou aquele desperdícios de energias, aquele
malbaratar de aptidões, fixando geograficamente a população e concentrando-a em
torno de um objetivo comum; a constituição da “rua”. Com o alinhamento das
primeiras casas para formação da primeira “rua” perdeu certamente o movimento
geral de construções que se iniciava desordenadamente em toda a área
compreendida entre a Pendência de Cima e a Pendência de Baixo. Em compensação,
ganhou a povoação em estética e simetria, adquirindo mais tarde os foros de
“povoação” e finalmente de “Vila”. Há, entretanto, uma questão construir as
primeiras casas da “rua”.
E qual foi a primeira “rua” – Tomé da Rocha Bezerra que me orienta
nessa indagações, informa: a primeira casa da “rua”, propriamente dita, foi
construída pelo prático da Barra de Macau, Antonio Batista, em 1893. Era de
taipa e ficava mais ou menos onde hoje a
Casa de São João.
Portanto, a Capela de São João Batista de pendências
foi construída em 1895. Gravada na soleira da porta principal. Lia-se até 1941, quando construíram
a Torre, esta curiosa e original inscrição: - “ESTA HOBRA FOI EDIFICADA EM 1895”. Como foi edificada a Capela –
Eis uma pergunta que merece ser esclarecida. Com dinheiro de quem;
Muito antes da edificação da Capela já Felix Rodrigues Ferreira, proprietário,
fazendeiro, Senhor da Casa Grande mandou fazer o “Quarto dos Santos”, com altar
de alvenaria, celebrando anualmente a festa do Santo protetor da família, das
propriedades e fazendas, com novenas, missas, foguetões e fogos doa r, tiro de roqueira, vaquejadas,
animação. Ali reunia todos os anos, gente de Macau e do Assu, da Várzea, dos
arredores, das fazendas vizinhas, assistentes espontâneos e convidados,
vaqueirama numerosa e expedita, gente de prol ao lado do povo humilde e bom.
O Santo possuía gado, dinheiro, em mãos
do seu modesto e piedoso devoto. O dinheiro provinha de davidas, feitas em paga
de favores, obtidos por intermédio do Santo. O gado era o resultado de doações
feitas por fazendeiros da região, inclusive as do próprio Felix Rodrigues
Ferreira.
A construção da Capela, pois seria mais
cedo ou mais tarde. Só dependia de oportunidade. A idéia vivia latente. Nomeação do Santo Padre Francisco de Assis e
Albuquerque para a freguesia de Macau, em 1892, veio solucionar definitivamente
o caso. De fato. Ali chegando sugeriu a idéia, sendo por todos aceita com as
mais positivas demonstrações de simpatia e solidariedade. Felix Rodrigues
Ferreira fez,, sem delongas, doação de cinqüenta braças de terra para
constituição do patrimônio de São João, na intenção de “auxiliar as despesas de
guiamento da Capela com foros dos moradores (Palavras textuais do Monsenhor
Francisco de Assis e Albuquerque, em carta que me foi dirigida. A arranjado o
terreno, urgia promover os meios para construção do pequeno templo. E logo
feita uma bolsa entre os moradores da região, colhendo bons resultados.
Iniciam-se assim os trabalhos e quando estes estavam relativamente adiantados,
eis que o dinheiro se acaba, pondo em cheque o nome do principal interessado e
administrador do serviço: FELIX RODRIGUES FERREIRA. E quando este se dispões a
concluir os trabalhos da Capela por qualquer preço, mandando atacar os serviços
por sua conta. Informações colhidas entre pessoas antigas, estranhas
totalmente à família do fundador, dizem que a sua contribuição elevou-se
a cerca de quartoze contos de reis (moeda do tempo). Corroborando essa
assertiva, afirma Tristão Cisneiro de Góis, que só a herança de JOÃO MACÁRIO
RODRIGUES FERREIRA, no valor de sete contos (7.000$00 foi integralmente aplicada nos serviços da
Capela. Monsenhor Francisco de Assis e Albuquerque, consultado a respeito, não destoa
desse ponto de vista, quando diz, falando de FELIX RODRIGUES FERREIRA e seu
filho JOÃO MACÁRIO: - “Os dois tomaram a peito a construção da Capela e todos
os outros que os auxiliaram ficaram muito a quem de seus esforços”. Em carta de
30 de setembro de 1944 que me dirigiu o macauense Monsenhor José Tibúrcio,
respondendo uma consulta que fiz por seu intermédio ao Monsenhor Assis, responde
categoricamente: - Quanto ao concurso de FELIX e JOÃO MACÁRIO para a construção
da Capela lembra-se que foi o mais positivo. Quase que se pode dizer que foram
eles dois que a fizeram, pois os demais concorreram com poucos auxílios”. Não
há nessas ligeiras referencia nenhum intuito de obscurecer a contribuição
modesta, mas, certamente, de boa vontade, de todos aqueles que se solidarizaram
moral e financeiramente para levantar a Capela de São João Batista de
Pendências. O que sinceramente nos anima é dar a FELIX RODRIGUES FERREIRA e ao
seu filho JOÃO MACÁRIO, o lugar que realmente merecem na fundação de
Pendências. Alcançado este desideratum, passemos adiante.
Quem abriu a inscrição acima transcrita na
pedra da porta principal da Capela – Foi o pedreiro JOÃO MARTINS, às vistas do
próprio FELIX RODRIGUES, no alpendre da Casa Grande.
E a pedra fundamental quando foi sentada –
No dia 7 de janeiro de 1895, ao som de música e fogos do ar. Deveria ter sido
no dia 6. Mas a missa de Reis, em Macau e ao mesmo tempo, no Rosário, próximo a
Pendências, fez adiar para o dia sete de janeiro. Alguns informantes dão como
oficiante nas cerimônias do dia 7, um Padre Marcelino. Mas em 1895 o Vigário de
Macau era o Padre Francisco de Assis e Albuquerque, Padre Marcelino seria o
vigário do Assu que depois da festa do Rosário foi proceder as cerimônias
litúrgicas da pedra. Algumas pessoas a quem recorri me disseram que depois da
festa do Rosário o povo foi para a festa de Pendências...
O altar-mor, segundo notas em meu poder, só
foi construído depois do falecimento de FELIX RODRIGUES, isto é, depois de 10
de junho de 1898, com o dinheiro deixado por ele para esse fim. A mão de obra
deve-se a JOÃO GASPAR e elevou-se a um conto de réis (1.000$000). A Casa de São
João foi igualmente construída quando Felix já era morto, a mando da sua
esposa, MARIA JOAQUINA RODRIGUES DE MELO. O vulto pequeno de SÃO JOÃO pertenceu
á primeira esposa de FELIX. JOANA RODRIGUES FERREIRA, o qual foi doado á Capela
por promessa do Fundador. A sua transferência da Casa Grande para a Capela só
se deu no dia 25 de janeiro de 1899, quando já estava pronto o altar-mor. Felix
já não existia. Oficiou a entronização da imagem, o Padre Vicente Giffoni,
italiano. O vulto grande de São João foi oferecido à Capela por JOÃO RODRIGUES
FERREIRA DE MELO, quando era Vigário o Padre JOAQUIM HONÓRIO DA SILVEIRA. A
imagem do Coração de Jesus foi adquirida com esmolas arrecadas entres as
senhoras do povoado. Nessa ligeira resenha sobre a Capela que completa 50 anos
(07 de janeiro de 1945) (atualmente, 7 de maio de 2013), 118 anos
FONTE:
ARTIGO ESCRITO POR MANOEL RODRIGUES DE MELO, PUBLICADO NA REVISTA “BANDO”,
EDITADO EM NATAL – 1949. Injustiça seria deixar de mencionar as mãos humildes e
generosas dos irmãos JOÃO e MANOEL GASPAR, de JOÃO CÃNDIDO, SEU PRIMEIRO
SACRISTÃO, do negro LUIZ, antigo escravo do português JOSÉ GOMES DE AMORIM e de
MANOEL RODRIGUES FERREIRA SOBRINHO (MANÉCO RODRIGUES) e tanto outros que já
entregaram suas almas a DEUS pelo mal ou pelo bem que fizeram neste vale de
lagrimas
FONTE – ARTIGO ESCRITO
MANOEL RODRIGUES DE MELO, PUBLICADO NA REVISTA “BANDO”, EDITADA EM NATAL, EM
1949 -
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